Tem gente que gosta de bicho no circo, tem gente que não gosta. Circo novo, circo novíssimo, circo antigo, circo antiquíssimo… Mas tem uma coisa que não pode faltar: música. Quando os palhaços estão fazendo sua palhaçada, o que temos por trás? Música. Quando a mulher barbada está exibindo sua barba, o que temos? Música. Então, é isso que o grupo traz: música!
Através de canções, o grupo realiza sua homenagem ao circo brasileiro, reflexo de um circo-país cheio de diversidades e contrastes, onde se exibir é o objetivo primordial. E, claro, sem deixar faltar o palhaço! Então, mesmo não sendo um espetáculo de circo, fazem um circo novo, novíssimo… O que é fino, o que é brega, o que é popular, o que é erudito, tudo aqui se mistura e dá seu toque pra fazer rir e emocionar.
Com um repertório que mescla músicas conhecidas e inéditas, textos e jogos cênicos, este é um espetáculo único. Logo no início, com a música “A Nave” (Jara Carvalho e Déo Piti), vem a questão: É TV ou é ET? Quem sou eu que não sou você? Onde enquadrar o que não se encaixa? Qual o rótulo? É neste questionamento que o picadeiro vai surgindo, sob um ritual pulsante e primitivo.
Na sequência, desfilam personagens que residem nas canções, como uma (má)labarista em “Trio de Efeitos” (Grupo Rumo). Um marido bastante aberto a diferenças e novas possibilidades dá o toque oriental a este circo, com “Império dos Sentidos” (Preme). “Aureliana” (Jara Carvalho e Déo Piti) é uma canção composta com palavras de origem árabe que fazem parte da língua portuguesa. Mas, para evitarmos que alguém saia sem entender, ela foi traduzida para o bom português.
Nessa falta de entendimento em que a linguagem se esbarra, pode muitas vezes surgir a guerra (tema muito em voga, sempre), e, para proteger a todos, um turco vem oferecer um “Abrigo Nuclear” (Preme). Em “Rap Para uma só Voz” (Déo Piti), vê-se o mundo prestes a ser devorado primitivamente em uma canção canibal.
Tem ainda o número dos tecidos que acontece sob a melodia de “Manteiga” (Jara Carvalho, Déo Piti e Marisa Damas), canção premiada em diversos festivais, um romance que pode se derreter a qualquer momento. O “Romance das duas Caveiras” (Alvarenga, Ranchinho e Chiquinho Sales) traz uma pitada de humor negro e abre alas para a dupla sertaneja que chega ao circo para cantar “Marvada Pinga” (Raul Torres e Lureano) de uma forma bastante incomum. E, de outro planeta, desce no palco alguém que não ri de palhaços.
A próxima atração serão as bailarinas que dançam “Hit the road Jack” (Percy Mayfield), famosa na voz de Ray Charles. A diva, atração máxima, recria “Outra Vez”, de Isolda, recheando-a com “Encontro”, do Grupo Rumo. Enquanto isso, alguém invade a cena à procura de Stanyslovsk, o trapezista desaparecido. Porém, o número mais esperado da noite será o chulé do palhaço!
Duração: 60 minutos
Ficha Técnica
Déo Piti: Percussão, teclado e voz
Lóra Brito: Percussão e voz
Jara Carvalho: Violão, gaita, flautas e Voz
Velú Carvalho: Atriz, voz e efeitos
Direção e Figurino: Déo Piti
Cenário: Rosi Martins e Último Tipo
Iluminação: André Salvador